Desafios de ser "antifrágil" em um ano de adversidades e incertezas.
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Maicon B. Ippolito
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Difícil escolher o verbo mas, passamos, atravessamos, sobrevivemos os últimos dois anos de pandemia e, consequentemente, tivemos o agravamento da crise econômica, o qual nunca deixou de ser uma assombração em nosso país.
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Talvez, inclusive, o verbo nem devesse estar conjugado no passado, mas sim, vivendo ainda no presente (gerúndio), passando, atravessando e sobrevivendo.
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Não bastasse a até então imprevisibilidade de uma pandemia, seus efeitos e consequências, até mesmo ainda não sentidos, somam-se neste ano de 2022 uma alta volatilidade do câmbio, disparada dos preços dos combustíveis, aumento da inflação, alta dos juros, eleições presidenciais altamente polarizadas e uma guerra (Rússia x Ucrânia).
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Em especial, para esse breve texto, imaginemos como deve estar a cabeça e o sono da maioria do empresariado. Ainda, com a velocidade das informações e inúmeras opiniões que encontramos na internet – quase que igual a uma bula de remédio que te apresenta um ou dois benefícios diretos, mas ao mesmo tempo te descreve uma quantidade maior de possíveis contraindicações e problemas que podemos ter – aumenta para muitos empresários as dificuldades e diminui as esperanças para 2022.
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Há quem possa dizer que estamos no meio, vivendo ou simplesmente a beira de um caos, isso que estamos apenas terminando o primeiro semestre do ano (hoje, 30.06.2022).
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Num ano com prognósticos ruidosos, devemos então, ter resiliência ou antifragilidade?
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Ser resilientes é aceitar as adversidades, pois não estamos no controle delas, aceitando que um dia tudo vai passar e as situações vão voltar ao normal, e, antifrágil, palavra inexistente não só no nosso vocabulário, é um conceito do autor e professor do Instituto Politécnico da Universidade de Nova York, Nassim Nicholas Taleb, em que ilustra em sua obra “Antifrágil: Coisas que se Beneficiam com o Caos” que não basta ser forte e aceitar as adversidades (resiliência), devemos analisar, aprender e aproveitar as oportunidades advindas do caos (antifrágil), evoluir.
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Diferente do que possa aparentar, quase um roteiro de “Missão Impossível”, seria hora de chamar o Tom Cruise (agente Ethan Hunt)?
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Descrito o roteiro, pensando em tudo que está imposto ao empresário este artigo tem o objetivo de lembrar quanto o empresário tem que lutar no dia a dia e, mesmo com todas adversidades, ele pode “Ser”, e na verdade “É”, o herói da sua própria história.
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Ao dizer isto, fica evidente que não apenas fatores externos e internos influenciam na condução de uma empresa, mas também, fatores de caráter íntimo.
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Para tanto é imprescindível o empresário ultrapassar as barreiras pessoais do “não saber”, concentrando-se no que realmente tem expertise, e, do “não fazer”, deixando de ficar inerte e se cercando de profissionais que possam ser seu guia para alterar o cenário da empresa.
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Os fatores externos não temos controle, mas podemos minimizar os efeitos. Os internos, muitas vezes, pelo acúmulo de tarefas, não percebemos que temos a solução. Já os fatores íntimos dizem respeito, principalmente, em deixar de lado a máxima de que “sempre fiz assim e deu certo”.
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Muito pode ser feito, principalmente para estancar a sangria de valores, maximizando o fluxo de caixa de forma imediata, mediata e futura, com reanálise de contratos, negociações com credores e devedores, reestruturação financeira e societária, proteção do patrimônio, readequação e revisão tributária, de forma a ajustar a empresa minimizando os riscos presentes e futuros.
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O caos está posto, 2022 é a oportunidade, quase um dever, de se cercar de conhecimentos multidisciplinares diversos, refletir sobre novas alternativas, e de deixar de lado o orgulho, a ignorância e a inércia, buscando, conscientemente, superar as adversidades e captar as oportunidades existentes e que possam ser criadas, protegendo e preservando tudo que já foi criado.
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